Autónoma Academy – Tudo o que se faz numa organização ou é um projeto ou nasceu de um projeto

Sediada em Lisboa, a Autónoma Academy apresenta-se como uma escola de MBA´s, Pós-Graduações, bem como cursos de especialização. Em entrevista à Revista Qualidade & Inovação, Miguel Carvalho e Melo, coordenador do MBA em Gestão de Projetos, explicou o funcionamento do MBA e os desafios que os alunos têm pela frente. 

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omo nasceu o MBA em Gestão de Projetos?

Este curso nasceu, em 2004, na então Escola de Gestão & Negócios da Universidade Autónoma de Lisboa, que mais tarde deu origem à Autónoma Academy. Na altura, era uma pós-graduação em Gestão de Projetos & Liderança, bastante mais curta. Este curso permitiu-me começar a ensaiar uma abordagem de formação diferente, experiencial, focada no desenvolvimento de competências. A primeira edição correu muito bem, de tal forma que a pós-graduação evoluiu, passou a ter mais módulos e foi depois transformada em MBA Executivo. Tem sido uma constante evolução e é por isso que já vamos para a 12º edição. 

O MBA tem uma abordagem pedagógica onde os alunos enfrentam os desafios vividos no dia-a-dia da Gestão de um Projeto, num contexto empresarial. Que competências são desenvolvidas ao longo do curso?

Quando o curso começa, logo na primeira sessão, apresentamos aos alunos um contexto de um grupo empresarial com empresas de setores de atividade diferentes. De seguida, formamos equipas (o mais heterogéneas possível) e cada equipa, dentro daquele contexto, tem de conceber um projeto. Somos dez professores a acompanhar e a apoiar continuamente. 

O curso tem 23 módulos e todos eles são calendarizados para que o conteúdo de cada aula apareça no preciso momento em que os alunos precisam dele para o trabalho que estão a fazer. É por isso que afirmamos que a espinha dorsal do MBA é o projeto em que estão a trabalhar.

Durante o projeto existem quatro simulações, com os dez professores a assistir e desempenhando o papel de Administração do grupo empresarial. Os alunos vão simular uma reunião de apresentação de uma ideia de projeto, uma reunião de apresentação do plano do projeto, uma reunião de ponto de situação e uma reunião de fecho do projeto. Nós simulamos de tal forma o contexto em vida real que eles no fim do curso já não têm receio de aplicar aquilo na vida real, porque é como se já tivessem feito.

Quais são as certificações incluídas no curso?

Temos duas certificações internacionais: a da IPMA (Internacional Project Management Association) – APOGEP (Associação Portuguesa de Gestão de Projetos) e a da GPM (Green Project Management). A IPMA é uma confederação de associais de mais de 70 países, em Portugal representada pela APOGEP. A GPM é a organização responsável pela criação do standard que integra na Gestão de Projetos uma abordagem de sustentabilidade alinha com as metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.

A técnicas e ferramentas da GPM permitem-nos fazer uma análise do impacto positivo ou negativo que o nosso projeto vai ter na sustentabilidade. Faz uma ligação aos objetivos de desenvolvimento sustentável de modo a podermos maximizar impactos positivos e minimizar impactos negativos.

O que é que este curso tem de completamente diferente?

Não nos limitamos a transmitir conhecimentos. Pelo contrário, através de uma abordagem de formação experiencial e de project based learning, desenvolvemos competências e capacitamos os nossos alunos, minimizando ou até eliminando as tradicionais barreiras da passagem da teoria à prática em contexto profissional. Só assim é que a formação para adultos faz sentido.

A gestão de projetos não está ligada apenas à parte técnica (controlar riscos, fazer cronogramas…). Neste tipo de formação trabalhamos liderança, gestão de conflitos, negociação, comunicação, gestão da mudança, porque gestão de projetos é feita por pessoas e são sempre as pessoas que fazem a diferença num projeto de sucesso.

Este modelo de curso foi crescendo ao longo do tempo e culminou naquilo que o curso é hoje. Não há outro igual. Este é o mais completo.

O que permite que qualquer organização evolua?

A criação de um novo serviço, de um novo produto, de adaptação a um novo mercado, de crescimento, de integração de uma nova empresa, tudo isso é feito através de projetos. O projeto é o agente da mudança. Sem isso as organizações não evoluem. É essencial que as organizações tenham capacidade de conceber, planear e gerir projetos de uma forma eficiente e eficaz, pois caso contrário a sua evolução está condicionada ou condenada. 

Qual o impacto da sustentabilidade na Gestão de Projetos?

A 10º edição do MBA foi a primeira a incorporar a componente de sustentabilidade na gestão de projetos. Aliás, este é o primeiro curso de Gestão de Projetos em Portugal, numa Universidade, a incorporar o tema da sustentabilidade. Este ano convidámos o Presidente do Green Project Management que fez uma masterclass. 

Como já é do domínio comum, a Sustentabilidade não se limita à abordagem das preocupações ecológicas. O chamado Triple Bottom Line da Sustentabilidade são o People, Planet e Prosperity (ou Profit), ao qual a GPM juntou o Product e o Processes, num documento chamado P5 que é hoje considerado o standard da Gestão de Projetos Sustentáveis.

Qual é o maior desafio que têm entre mãos?

Ainda temos muitas organizações que não estão preparadas para acomodar a Gestão de Projetos. Até percebem que é importante, dão formação às pessoas, certificam-nas, têm ferramentas de informática de suporte, têm tudo e ainda assim as coisas falham.

As organizações continuam estruturadas de uma forma muito funcional e um projeto por natureza é transversal. Cada área faz a sua parte do trabalho à espera que no fim se junte tudo. O projeto está lá, mas de uma forma desmembrada. Porém, começa a haver uma maior perceção da importância que a gestão de projetos tem.

As organizações têm dificuldade em perceber que são elas que têm de se adaptar aos projetos e não o projeto que tem de se adaptar à sua estrutura, porque o projeto é o agente da mudança, e sem mudança há estagnação, a qual conduz à irrelevância.