Cuidar da Água

Com matriz alemã, o grupo ACO está no mercado há 75 anos. A fusão entre Portugal e Espanha resultou no culminar da ACO Iberia que se dedica, sobretudo, à gestão das águas. Nesta edição, entrevistamos Miguel Rovira, Diretor Geral da ACO Iberia, para conhecermos os valores, os projetos e as ambições que fazem parte do grupo.

Pedia que começasse por descrever o mundo ACO.
A ACO Iberia é um grupo que tem duas empresas, na qual eu sou diretor geral, e nasceu da fusão Portugal e Espanha depois da crise 2012/2013. Esta fusão resumiu-se numa única atividade comercial: o tratamento de tudo o que é região Ibérica. Antes tínhamos a Lusitana ACO, empresa portuguesa, e a ACO produtos polímeros, filial do grupo ACO para o mercado espanhol. Fruto da crise fizemos o match destas duas operações e resolvemos fazer uma operação ibérica.
As duas empresas continuam a existir, embora a Lusitana ACO não tenha mais atividade comercial e foi aberta a sucursal portuguesa da ACO Polímeros.

Quais são as soluções que desenvolvem e que mais vos desafiam diariamente?
O grupo ACO dedicou-se, desde sempre, às drenagens. Tudo aquilo que são necessidades de tirar águas dos pavimentos, sejam pavimentos da via pública, portos, aeroportos, infraestruturas ou sejam eles pavimentos interiores de atividades industriais que tenham questões com a água. Este é o nosso core business. Desenvolvemos um vasto conjunto de conhecimentos e de soluções, produtos que permitiram sermos  líderes de mercado nesta área de atividade há cerca de 50 anos.
O mundo evolui e as empresas também evoluem. Houve uma altura em que definimos uma estratégia mundial em que não nos interessava apenas recolher água do ponto de vista do pavimento. Então demos o passo e questionámos o que era feito da água a seguir. Todas estas tendências ambientais, novas inquietudes, a questão da proteção de água e reutilização levou-nos a definir que não nos interessa só recolher e transportar a água. A partir de uma certa altura definimos uma estratégia: queremos recolher, tratar e reter e reutilizar. A partir daí, foi lançado este logo que se chama System Chain – um conjunto de soluções para tratar todo o ciclo da água e resolver todos os problemas que existem. Não nos preocupa só a questão inicial, mas sim todo o ciclo da água. Em paralelo, é preciso desenvolver todo um conjunto de valências e conhecimentos e para isso lançamos o Service Chain.
O nosso fator diferenciador em relação a outras empresas que estão no setor é que tocamos todo o ciclo da água e para além disso estamos a desenvolver um sistema de serviços que dão todo este suporte. A atuação da ACO Ibéria passa por vermos a água em todo o seu ciclo com um conjunto de serviços e valências que apostamos para o cliente. É preciso analisar a água e perceber que contaminações tem para depois estudarmos uma tecnologia de tratamento dedicada ao cliente.

Inovação e sustentabilidade aliadas ao mundo digital são palavras cada vez mais comuns no dia a dia das empresas. Que trabalho têm desenvolvido nesse sentido?
Há uns anos lançámos uma estratégia em que um dos pilares era a questão da digitalização que passa por muitas áreas. Fizemos uma transformação total ao nível digital que, quando veio a pandemia, muitas pessoas internamente perceberam e tiveram a real noção do que é ser digital.
Estamos a fazer com que o digital nos ajude nas tarefas diárias, ao ponto de melhorarmos imenso a nossa eficiência. Não é retirar capacidade ao ser humano de agir, porque o ser humano tem de criar valor. Isso não significa despedir, significa utilizar tecnologia para poder agregar valor noutras áreas (comercial, resolução de incidências, reclamações).
Depois temos a “smartização” das soluções em que a inovação entra de uma forma em que um simples canal de drenagem já não é o que era antes. Já existem sensores que medem os canais. Um separador já não é só um separador, é um equipamento que fala todos os dias e diz o que está a acontecer. Conseguimos monitorizar, preventivamente alertar e antes de chegar o problema já somos alertados para previamente podermos ter uma ação ou recomendarmos ao cliente uma ação de correção de um problema que já estamos a ver.
Para que tudo isto seja possível, dispomos de uma equipa especializada de engenheiros para que os clientes percebam as vantagens de terem as nossas soluções. Não são meramente percetíveis no preço de aquisição mas, muitas das vezes, nos projetos a médio/longo prazo onde as questões do valor e da imagem são incluídas.

Quais são os valores essenciais que fazem parte da vossa equipa?
Definimos a nossa estratégia 2016/2020 com um conjunto de valores. São cinco valores que definimos. Em 2019 refrescamos a estratégia para 2025 e fizemos a redefinição da mesma.
Criámos novos valores e houve um que permaneceu. Os restantes já faziam parte do ADN da empresa. Os cinco valores são; Ambição, Eficiência, Criatividade, Atrevimento, e a Alegria, pois temos de celebrar o êxito.
Há uma avaliação de desempenho de todas as pessoas da empresa. A pessoa autoavalia-se, é avaliada pelo seu superior e depois há uma discussão em que sai um relatório final que é enviado para os recursos humanos. A pessoa é avaliada também face aos valores da empresa.
Lançamos também o departamento da responsabilidade social corporativa que engloba todas estas questões.

Que projetos estão traçados para o futuro da ACO?
Na nossa estratégia 2020/2025 fizemos um leque mais aberto daquilo que era o nosso objetivo em que quisemos centrar-nos especificamente num. Uma aposta real por Water Management é aquilo que nos move cada vez mais. A água é o foco da nossa estratégia. Para isso elaboramos um conjunto de segmentos prioritários, que passam pela área das drenagens, industrial, separação, fundição, gestão de água. Nesses segmentos queremos identificar os mercados, os players, o potencial de cada um, o que queremos fazer em cada um e quais são os nossos objetivos até 2025, como temos de nos organizar e o que temos de fazer para os alcançar e quem queremos ser em cada um destes mercados.
O setor da gestão da água é onde existe um potencial enorme. Para isso temos o nosso slogan em que queremos passar de players a referentes nos outros quatro segmentos.
A 31 de janeiro de 2022 conseguimos assinar o contrato de aquisição de uma empresa em Espanha, perfeitamente integrada neste segmento de negócio. Vamos acelerar todo o processo de passar para referente nesta área. A empresa chama-se Remosa, trata o mercado espanhol e português e toca no mercado francês e também norte de África. Já é uma empresa líder de mercado, em Espanha.

Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores e potenciais clientes?
A nossa principal mensagem é que temos de Cuidar da Água. É de tal forma preocupante, importante e atual que uma empresa não se pode dedicar à drenagem sem saber qual é o fim da água e como vai ser tratada e cuidada. Costumamos dizer que queremos proteger a água das pessoas e as pessoas da água.