Não existe futuro sem as especialidades

Prestes a completar 30 anos de vida, a Luzimeca é uma empresa dedicada ao setor da construção civil, nomeadamente às instalações de engenharia que procuram inovar ao longo do percurso. Em entrevista à Revista Qualidade & Inovação, João Vieira, CEO da Luzimeca, aborda temas como a atualidade e o futuro da construção civil, a menção honrosa que receberam enquanto reconhecimento do trabalho desenvolvido e ainda salientou a importância da sustentabilidade, em particular na parte social.

Conte-nos a história da Luzimeca.
A Luzimeca é uma empresa de engenharia e opera nas especialidades no setor da construção civil, especificamente nas instalações hidráulicas, redes de águas, combate a incêndios, solar térmico e instalações elétricas. A empresa nasceu em 1993 e o meu pai foi um dos fundadores. Eu entrei em 1995 com 18 anos.
Nos finais dos anos 90, inícios dos anos 2000, o país estava em crescimento e todas as empresas tinham esse crescimento natural sem grandes técnicas de gestão. A empresa foi crescendo como o país cresceu nessa altura.
Quando veio a crise, afetou o país e essencialmente a construção civil. Consequentemente, as empresas foram à falência. Em 2015 a situação ficou mais complicada, pois não havia perspetivas de trabalho. Nessa altura, já me tinha formado em Engenharia. Tivemos de fazer uma redução da estrutura e eu fico como Diretor Geral e a partir daí estruturamos a empresa.
Felizmente conseguimos fazer essa recuperação, reconquistando alguns clientes e conquistando novos. A partir daí, criamos uma empresa muito direcionada para a engenharia e conseguimos criar departamentos, ou seja, organizar a empresa e torná-la mais profissional. Acabei por tirar uma pós-graduação em gestão e isso fez toda a diferença na vida da empresa para alargar o horizonte e a visão em termos de não olhar só para a empresa, mas olhar para um setor e perceber que há muitos desafios na construção civil. 

E quais são esses desafios que hoje em dia enfrentam?
Um dos desafios começa pela imagem da sociedade sobre o setor. Sabemos que os tempos mudaram e hoje em dia as pessoas procuram outro tipo de trabalhos com condições que a construção civil não consegue oferecer.
Só teremos bons resultados a longo prazo na atratividade do setor e a sua respetiva valorização como um dos setores mais importantes para o desenvolvimento do país se todos os seus intervenientes tiverem uma boa comunicação para o exterior.  A valorização do setor terá de ser de dentro para fora, através de associações, ordens profissionais, donos de obra, gestores de projeto, empreiteiros, subempreiteiros, fornecedores e parceiros. São todos responsáveis pela baixa atratividade do setor e cabe a cada um de nós seguir um fio condutor comum para realizar as alterações necessárias para a evolução do setor.
Como disse anteriormente, a construção civil precisa de fazer o trabalho de comunicação que outros setores tradicionais também já fizeram, como é o caso da agricultura e da hotelaria. Felizmente temos cada vez mais exemplos de empresas como a nossa que querem fazer parte dessa mudança. Na Luzimeca gostamos de dizer que planeamos o futuro, coordenamos o presente e instalamos confiança.

De que forma a sustentabilidade está presente no dia a dia da Luzimeca?
A sustentabilidade está assente em três pilares: económica e financeira; social – sem as pessoas não conseguimos pôr a empresa em prática; ambiente – sendo a construção uma das indústrias mais poluentes do mundo tem um caminho longo a percorrer no combate ao desperdício. Ferramentas como o BIM permitem-nos quantificar melhor os materiais que necessitamos e isso terá um impacto no ambiente.
Na Luzimeca tentamos inovar em linha com as necessidades dos nossos clientes e o meu principal papel é criar uma cultura de empresa com o foco na sustentabilidade, onde o nosso projeto de industrialização com a criação da PreFab, no desenvolvimento de sistemas de canalizações e eletricidade pré-fabricados para sua posterior montagem em obra, é o pilar da nossa estratégia criando condições para nos tornarmos uma empresa diferenciada e inovadora. Procuramos aumentar a produtividade, reduzindo o desperdício, melhorando a segurança das equipas focados no desenvolvimento pessoal de cada colaborador e, ao mesmo tempo, criar impacto na vertente ambiental.
Neste sentido foi com enorme orgulho que fomos premiados pela Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE), com uma menção honrosa referente ao Eixo II Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Trabalho digno e crescimento económico (ODS 8) das Nações Unidas.

Na sua opinião, que tipo de soluções são fundamentais para o futuro da construção civil em Portugal?
O modelo em que o mestre ensinava a profissão ao aprendiz e em que as universidades não tinham vagas suficientes nas engenharias é uma realidade que desapareceu e que não volta mais. Hoje não é a arquitetura que compete com a engenharia, são as empresas de IT e as consultoras que conseguem reter o talento que naturalmente chegava ao setor, assim como os novos aprendizes que decidiam aprender uma profissão, hoje optam por profissões mais flexíveis e com menor responsabilidade.
Não existem soluções mágicas, apenas caminhos que devemos trilhar juntos, formação dos recursos humanos, regras de emigração controlada por especialidade (por exemplo atribuir vistos para quem vier trabalhar de canalizador, eletricista, carpinteiro, engenheiro) e criar barreiras à entrada de cada profissão. Tudo isto de forma a valorizar quem desempenha essas funções e criar melhores condições de trabalho, industrializando todas as tarefas possíveis tornando as obras como locais de montagem em vez de locais de fabrico e comunicar publicamente o que de melhor se faz no setor.

Que elementos tornam a vossa empresa um player diferenciado no mercado?
No próximo ano completamos 30 anos de atividade e o nosso portfólio é sem dúvida o nosso melhor cartão de visita, sendo para nós um fator diferenciador.
Outro dos fatores que nos diferencia é a qualidade da equipa onde a diversidade é um pilar, conseguimos um equilíbrio entre a experiência dos mais velhos com a qualidade e a irreverência dos mais novos, de diversas nacionalidades e com diferentes níveis de habilitações, esta diversidade quando alinhada com a cultura da empresa faz-nos sem dúvida evoluir.
Por fim o nosso caminho pela industrialização e a valorização do setor da construção dá aos nossos clientes garantias de que acrescentamos valor aos projetos em que participamos.