Orivárzea – a natureza do Arroz

Créditos para a foto no topo: Demonstração “Ordem da Cabidela” no “Congresso dos Cozinheiros 2021”

Sediada em Salvaterra de Magos, a Orivárzea conta com as mais conceituadas marcas de arroz portuguesas. Sabor, diversidade e qualidade são as características perfeitas para qualificar os produtos desta empresa. O diretor de marketing e da área comercial Filipe Ventura foi nosso entrevistado nesta edição para nos desvendar o mundo Orivárzea. 

Apelidado de “O genuíno e saboroso arroz de Portugal”, fale-nos da origem da Orivárzea.
A Orivarzea surge da união de dez orizicultores do Ribatejo (Lezíria Ribatejana), por forma a juntar conhecimentos, a ganhar dimensão/escala e a poder, desse modo, elevar o patamar de qualidade, quer na produção, quer à posteriori na transformação do arroz, ficando dessa forma os acionistas (obrigatoriamente orizicultores) com a capacidade de controlar todo o processo. Neste momento são 42 acionistas.
Todo o arroz comercializado pela Orivárzea, sob as nossas marcas Bom Sucesso e Belmonte, é produzido nos nossos terrenos, 100% da Lezíria Ribatejana, 100% Português, um arroz local, de proximidade, ao invés da grande maioria já comercializada no nosso país.

No vosso portefólio consta uma vasta gama de produtos. Apresente-nos os diferentes tipos de arroz e respetivas marcas com o selo Orivárzea. 
Em todo o mundo são produzidos arrozes que se dividem em duas grandes famílias, os Japónica e os Índica. Nos arrozes “Jápónica”, os que são mais comuns serem produzidos no sul da Europa, a Orivarzea produz arroz Carolino (variedade Ariete para a marca Bom Sucesso e Presto para a marca Belmonte), arroz para Risoto (variedade Ulisse) e arroz para Sushi (variedade Sfera R2). Na família dos Índica, produzimos Agulha (variedade Sprint para o Bom Sucesso e Cl-26 para a marca Belmonte), e Agulha Aromático (variedade Elettra R2).
Porque cada tipo de arroz tem diferentes tempos e características de cozedura, mesmo quando falámos de carolinos, embalamos cada marca e cada um dos tipos de arroz apenas com uma única variedade (monovarietal), para que possa manter sempre uma uniformidade e elevada qualidade.
Na nossa marca Bom Sucesso, evoluímos também no tipo de embalamento, para uma atmosfera protetora no interior da embalagem. O arroz, na sua produção, de uma forma natural, está sujeito a que apareça gorgulho ou outra praga, desde que seja submetido a determinadas condições, o que significa também que o arroz não foi sujeito a tratamentos químicos agressivos. Para evitar essas infestações de uma forma natural, temos um equipamento que separa do ar livre o oxigénio, injetando, dentro da embalagem, os restantes gases presentes na atmosfera, ficando esta com um máximo de 5% de oxigénio, sendo desta forma muito difícil que o gorgulho ou outro possam eclodir e aparecer no arroz por não terem oxigénio.

Manter a tradição não significa deixar de inovar. De que forma unem a inovação tecnológica com a diminuição da pegada ecológica?
Na nossa história de apenas 24 anos, inovar de forma ecologicamente consciente tem sido sempre um dos nossos lemas, quer por sermos produtores e querermos preservar a fauna e flora que nos ajudam a produzir um arroz de excelência, quer por sentimos ser uma obrigação de todos nós diminuir drasticamente tudo o que possa prejudicar o meio ambiente. 
Nos nossos campos, ao longo dos últimos anos, com a evolução tecnológica, quer no alisamento das terras com a ajuda da tecnologia laser, quer na gestão das águas necessárias para manter a temperatura do arroz estável, foi possível reduzir os consumos de água e sermos muito mais eficientes. Igualmente na produção, produzimos em produção integrada e alguns hectares em regime biológico, garantindo de ambas as formas uma produção mais natural e amiga do ambiente.
No nosso processo fabril, cerca de 30% da nossa energia gasta provém de painéis fotovoltaicos, e nos últimos anos conseguimos também reduzir os consumos energéticos em cerca de 20%, sobretudo com a aquisição de equipamentos mais eficientes, e sobretudo com a eliminação de um túnel de calor para agrupar os packs de embalagens. Esta alteração permitiu também a redução do desperdício e do consumo de plástico em 20%. Esperamos em breve ter um plástico 100% biodegradável, desde que permita a atmosfera protetora nas embalagens, para não termos de submeter o arroz a nenhum tratamento químico, como é usado em algumas fábricas.

Que balanço faz deste ano e quais são os desafios preparados para 2022?
A nossa ceifa é sempre no fim de cada ano, e por termos tido no fim de 2019 e no fim de 2020 uma quebra de produção superior a 20%, os anos seguintes a essas produções (2020 e 2021) foram muito desafiantes. Para juntar a isto, tivemos e estamos ainda a ter a situação pandémica, o que nos levou também a ter elevadas quebras na restauração, onde somos um dos arrozes preferidos.
Os desafios para 2022, aparentemente são sobretudo a incerteza e dificuldade em planearmos ou prevermos. Temos a situação pandémica, mas neste momento a maior dúvida é nas entregas da matéria-prima e nos preços dos combustíveis. Matéria-prima, porque os nossos fornecedores de cartão, plástico, paletes, etc., estão a ter dificuldades em obter os materiais e incerteza nos preços que a vão obter. Os preços dos combustíveis também influenciam tudo.
Quanto ao nosso arroz, as perspetivas são boas. Terminamos há poucas semanas a nossa ceifa, e foi um ano bom, encaramos por isso o 2022 positivamente e com muita ambição.